terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Drive (Drive, 2011)




Dirigido por Nicolas Winding Refn.

Roteiro: Hossein Amini, baseado no livro de James Sallis

Elenco: Ryan Gosling, Albert Brooks, Carey Mulligan, Ron Perlman, Oscar Isaac, Bryan Cranston, Christina Hendricks, Kaden Leos.


Acredito que um ator ou um diretor não fazem o filme ser bom ou ruim. Ver impresso no cartaz o nome de Fulano de Tal, em letras garrafais não é garantia de qualidade, embora possa dar-nos uma noção (principalmente no que se diz do quesito Direção) do que veremos na tela. Os responsáveis pela qualidade do filme são uma junção de direção, roteiro e atuação, dentre outras coisas. Alguns filmes são considerados bons simplesmente pelo fato de entreterem, jogando por terra os objetos citados anteriormente. São os chamados <filmes pipoca>, filmes que atraem grandes multidões que, sendo ou não sendo familiarizadas com a linguagem cinematográfica, acabam gostando do resultado final visto na tela.

Não é o caso de Drive. Extremamente intimista, o filme não foi feito para atrair um grande público ou, como aparentemente alguns acreditam, um público que espera ver na tela mais uma versão de Carga Explosiva ou Velozes e Furiosos. Em sua trama, Drive nos apresenta como personagem principal um homem sem nome e sem passado, cujo emprego de dublês de filmes lhe garante um outro emprego ainda mais perigoso: dirigir para bandidos em fuga assim que eles cometem seus furtos ou roubos.

Com uma introdução de tirar o fôlego, o diretor Nicolas Winding Refn dá uma aula de cinema ao mostrar que as cenas de tensão criadas pelas fugas nos filmes de ação nem sempre se dão pelas perseguições desenfreadas e barulhentas, mas também pelos momentos de silêncio e espera.

Ryan Gosling, mostrando-se mais uma vez um excelente ator (depois do excelente Namorados Para Sempre), apresenta o personagem principal como um homem calado, com um semblante calmo, quase bobo, entretanto, extremamente violento quando provocado, em momento algum julgando se é certo ou errado o que faz. Apenas, em suas palavras, fazendo o que precisa ser feito.

Também pela segunda vez neste ano, Carey Mulligan (depois do ótimo Não Me Abandone Jamais) nos apresenta a personagem Irene, uma mulher triste, com uma vida difícil que, em diversos momentos nos mostra, apenas com seu olhar, a aceitação de que estar apaixonada ou não por seu marido, ter ou não uma nova vida com outra pessoa, permanecer ou abandonar tudo para trás não vai mudar em nada seu destino. Que o que resta é aceitação de sua imutável condição.

E como não comentar também a atuação de Ron Perlman, que nos traz mais uma vez um vilão caricatural, divertido, como em muitos de seus trabalhos.

Em minha opinião, um dos melhores trabalhos de 2011, Drive é um filme triste e violento, com uma fotografia e trilha sonora dissonantes, que nos remetem aos alegres anos 70, embora o que vemos na tela seja um retrato cruel e sombrio do ser humano, mostrando ao mesmo tempo sua humanidade e sua inumanidade. 
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