O retorno de Ridley Scott à série de terror/ficção científica Alien está com um fator a mais, um aditivo que aprofunda a visão acerca da existência do próprio homem e seus propósitos neste universo. Prometheus nos convida a retornar às vastidões cósmicas para que acompanhemos uma equipe composta por cientistas, paleontólogos e militares em uma missão que, inicialmente, nem mesmo eles sabem ao certo do que se trata.
Abordando temas como religião versus ciência, homem versus natureza, Ridley Scott nos faz seguir por corredores escuros e ambientes alienígenas desolados, em uma fotografia de tirar o fôlego. É um filme de ficção com sustos e monstros, mas também nos leva ao arrepio e, porque não, lágrimas, pela beleza das imagens e da arrepiante e épica trilha sonora, composta pelo experiente Marc Streitenfeld, compositor responsável pelas também belíssimas trilhas de A Perseguição e Robin Hood (2010, também de Scott). Assim, Prometheus é um filme que, no cinema desperta sensações que em casa o expectador não terá, tal como foi seu antecessor, Alien, que tive o prazer de assistir, em um relançamento, na tela gigante.
E como é recorrente na maior parte da filmografia de Scott, temos o papel feminino, representado muito à contento pela cientista Elizabeth Shaw (Noomi Rapace), mostrando que fraqueza é apenas um denominador imputado culturalmente e injustamente às mulheres, exibindo, quando exigido, coragem e força muito além do que se espera. Em contrapartida, Charlize Theron soa um tanto quanto seca e desprovida de sentimentos, sejam eles de fúria ou de medo, chegando a ser questionada por certo personagem da trama se ela é realmente humana. Acredito ser uma limitação do próprio roteiro imposto ao personagem. E temos David, o Andróide programado para ser como os humanos, agindo de modo humano para causar a aceitação e empatia deles, mas demonstrando claramente sua insatisfação e frustração em não ser realmente um deles. E Michael Fassbender faz isso muito bem, demonstrando seus sentimentos, na maioria das vezes, em seus olhares e nos tons de voz.
Com um desfecho de certa forma inconcluso, que nos faz acreditar que uma continuação está a caminho (Ridley Scott já manifestou interesse em filmá-la e, acredito que, com o sucesso de Prometheus nas bilheterias, tal fato realmente não tardará em acontecer), Prometheus ainda assim é um dos grandes filmes de 2012, mesmo para quem nunca deu uma visitada em nenhum dos filmes anteriores da franquia. Na verdade, os filmes da série Alien passarão a ser obrigatórios para quem gostou ao menos um pouco de Prometheus.
E embora a proposta final do filme seja tratar de assuntos que, em tese, a ciência prefira deixar de lado, assuntos que abordam a existência ou não de um Deus criador, a conclusão estabelecida, de certa forma, responde a contento. E a resposta é basicamente outra pergunta: em quê você prefere acreditar?
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